sexta-feira, 17 de setembro de 2010

Guerreiro Errante


Por que em vez de ver, eu sinto?
Por que se penso, uso o instinto?
Por que quando eu rimo, eu minto?
Hipócrita sou, frágil sempre serei,
buscando números que comprovem os fatos,
continuo acreditando nos meus ideais:
finos; fracos que se quebram no simples tocar
e somem subitamente quando paro de imaginar.
Eu, prostituto de minhas convicções,
sei que não tenho forma, nem cor,
nem mesmo um rastro de sombra.
"Uma mentira que cria uma mentira",
é isso o que sou, um nada no nada e,
sendo nada, não posso admitir,
que não obstante amante da ilusão,
em mim reina constante um guerreiro errante,
que encrava em si próprio uma lança,
rasgando com prazer sua maldita carne.

domingo, 1 de agosto de 2010

Sádica Memória


Disseca-me:
aponte minhas falhas.
Entrega-me:
sua dor, sua raiva.
Sustente:
seu ódio pela minha existência.
Concentre-se:
nos meus pontos fracos.
Finja:
que você está certo.
Devora-me.
O sangue escorre pelos dentes.
As cenas passam rápido.
Mas não, eu nunca desapareço.
Culpe-se, julgue-se:
mas seja hipócrita.
Cumpra:
o seu pobre papel social.
Ignore:
que você é um animal.
Morra:
sem saber o que é.
Me ignore,
mas nunca se esquecerá
de todos os dias que eu voltei,
te torturei e te possui.

sábado, 10 de julho de 2010

Mundo ideal ou mundo real?


Eu danço no jardim da ternura,
onde ouço cantos profanos e animalescos,
mas doces e cheios de melodia.
Cores em flores que nunca vi antes.
Frequências inexistentes
que se conectam aos meus sentidos.
O sofrimento ainda existe,
mas sua importância não é a mesma.
Eu me apunhalo e não sofro.
Eu sangro mas não grito.
Eu apenos compartilho meus elementos.
O que eu sou faz parte de tudo.

Mundo ideal:incerto.

Então acordo e ouço moscas,
zumbindo de forma impetuosa nos meus ouvidos.
Há algum cadáver por perto.
Sempre há um cadáver por perto.
Vejo olhos vermelhos e cansados
perambulando no meio de luzes,
em uma velocidade caótica,
no qual tudo está cronometrado.
Meus passos, minhas atitudes,
minha vida e minhas escolhas,
tudo escrito, tudo ordenado,
tudo estritamente cronometrado.

Mundo real: paranóia.

segunda-feira, 5 de julho de 2010

Contato humano


Tudo o que nos toca é incerto.
Sejam suas palavras,
seja o sexo.
Seja a paixão
no toque, no hálito.
Tudo o que te toca
deixa de ser hábito.
De necessidade se torna essência,
porque o corpo é quente
e o ser humano é feito de vida,
que é feita de chama.

E eu preciso suspirar
para sentir.
E eu preciso chorar
para sentir.
E eu preciso sorrir
para sentir.
E eu preciso te tocar para sentir
a coneção sem significado
ligando nossos corações,
ao que somos e ao que seremos,
ao que eu sou e ao que serei,
em um breve momento no espaço;
contrastando com a grande,
mas também insignificante,
condição de ser humano.

domingo, 23 de maio de 2010

Rosa, doce e amarga


O melhor momento de minha vida
foi quando a senti nos meus braços
doce e versátil, segura e envolvente.
Me seduziu a tal ponto de que
mesmo não a amando profundamente,
me apaixonei pelo o que fez comigo.
Seu corpo de seda, Rosa, flor de pecado,
tem um gosto doce, mas amargo,
e o tom certo do vermelho dos seus lábios,
faz com que mesmo que não a ame,
você se torne única.

Eu tenho pena de você, Rosa,
seu corpo me fascina, seu jeito,
mas o seu veneno me mata.
Sua alma está ferida pela dor
causada pelos seus próprios espinhos.

Ah, doce Rosa, graça e pecado,
todos admiram a sua beleza,
mas quando irá parar de se auto-flagelar?
Quando acabará com o papel de vítima?
Sendo que a grande causadora do mal
é você, só você, amarga e seca Rosa.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Conto urbano


" Estava extremamente nervoso, era exatamente um dia antes de entregar meu relatório sobre pesquisas que andei fazendo para defender minha tese. Não sabia o que fazer, até que me lembrei que o bar em frente ao meu apartamento, no velho centro de São Paulo, ficava aberto a noite toda. Fui comprar uma tequila para me acalmar.
Por incrível que pareça, nunca fui muito de beber antes de me mudar para São Paulo, porém essa vida animalesca de competições e prazeres me levou ao grande desejo pelo álcool e me apaixonei por ele. Ficar bêbado é meu segundo grande prazer, depois do sexo, pois nada supera um par de seios dançantes e, bom, melhor encerrar por aqui.
Voltei para casa com uma garrafa e um maço de cigarros, e comecei a refletir sobre a minha vida, no qual achava (e acho) um lixo, mesmo tendo dinheiro para fazer todas as coisas inúteis, menos do ponto de vista nobre e intelectual, que quero. Após alguns copos e cigarros, me lembrei dos meus tempos de faculdade, das garotas com quem fiquei, mas não senti nada quanto a essas recordações. Nenhuma saudade ou afetividade, somente um sentimento de lembrança do prazer momentâneo naquele passado remoto, tal como um animal que se lembra do prazer de um agrado do dono. É, concluí que me sentia vazio, apesar de já saber que era um ser vazio. Precisava de alguma mulher para disfarçar isso naquela noite.
Saí, isso já era por volta das duas e meia da manhã, em busca de alguma nobre prestadora de serviços aos carentes de afeto. Andando, vejo uma garota pálida saíndo de um bar; cabelos negros, um bom corpo, rosto bonito mas, não me parecia uma prostituta. Seus olhos eram enigmáticos, me atraiam, então comecei a seguir seus passos. E como ela era rápida!
De repente ela olhou para trás e desapareceu. Eu, como uma pessoa normal, fiquei, para não dizer outra coisa, tremendo de medo com aquela cena. Como uma mulher daquelas pode sumir de repente? Só podia ter bebido muito!
Fui voltar para minha casa. Abri as portas, acendi as luzes e fui me deitar, porém para minha surpresa encontro aquela mesma mulher deitada em minha cama me seduzindo. Minha primeira reação foi sair correndo, lógico. mas havia algo naquela mulher de tão atraente, que não pensei duas vezes em ir me deitar com ela. Sexo com uma assombração? É realmente o que a tequila e a líbido não fazem, (e que pele gelada ela tinha!)
Quando acordei, estava só no meu colchão, nu e atrasado para o trabalho.Pensei que tudo isso deveria ser um sonho de bêbado, e até hoje considero essa hipótese. Me troquei correndo e fui tomar um cafézinho na padaria da esquina. Chegando lá, para a minha surpresa, estava aquela mesma mulher sentada, tomando um copo de leite mas, com um mero detalhe que me desesperou: estava com uma barriga de uma grávida de 9 meses. Não tive nenhuma opção, se não correr. Como poderia transar com um cadáver e ainda por cima essa carne sem alma ficar grávida de um filho meu? Será que era alma de alguma prostituta me assombrando pelas tantas que já fiquei em minha vida? Enfim, todo lugar que ía, aquela maldita aparecia e ainda gritando se eu não iria assumir aquele filho morto dentro daquele ventre pútrido! O pior é que eu já tentei matar essa peste, mas como nos filmes de terror que tanto gostava, ela não morria e nem o bebê. Nada funcionava.
Com esse relato, espero que compreendam o porquê de minha morte, pois 6 meses de perseguição por um cadáver esperando um bebê seu e exigindo que eu assumisse o filho é algo insuportável."

Esse texto foi uma psicografia de Joaquim de Oliveira Santos, 40 anos, para a família do interior de São Paulo que buscava explicações sobre sua atitude. Se matou no dia 10/05/2010. Sofria de alucinações agudas e tinha uma baita de uma depressão. Vivia sozinho, era alcóolatra, um "nerd" vagabundo, sarcástico, nunca amou, nunca teve filhos, era intelectual e mais um morador qualquer no centro de São Paulo.
É, não é todo mundo que aguenta essa selva de pedra.

sábado, 8 de maio de 2010

A roda da vida


O som doce das harpas
indica o nascimento,
que vem com o canto das lágrimas
e a primeira visão do mundo.
Ninguém se lembra mais de tal melodia,
e... como queria ouvir ela outra vez.

Quando a inocência se vai, aos poucos,
as cordas divinas transformam-se:
a forma, a cor e o pecado aparecem,
enquanto o violão toca arpejos insinuosos,
junto com movimentos curvilíneos e dançantes,
agressivos e ao mesmo tempo frágeis.
É a dança da vida, no qual dor e amor
se misturam formando um único ritmo.

E no final, no cansaço da noite,
os violinos obscuros sopram
nos meus fracos ouvidos dizendo
que a dança acabou
e não há mais o que fazer,
nem onde correr, ou ir atrás
do que não se fez.
Resta apenas apreciar a música,
a melancólica música do esquecimento,
no qual a cada nota desafinada
uma lágrima cai, não mais aquela
da vida, mas sim, fora de compasso,
a da morte.

sexta-feira, 16 de abril de 2010

Ideologia, eu não quero uma


Ideologia é a salvação.
Idealizar é ser humano.
Abortar é pecado.
Tudo, TABU.
O que você na realidade pensa?

Dinheiro é a sensação.
Beleza é obrigação.
Virgindade é sagrada.
PERFEIÇÃO.
Ou você acha que é melhor do que eu?

Socialistas amam coca-cola.
Extremistas a diversão.
E, no auge dos quarenta,
ela tem o solo do sertão estampado na cara.
IDEOLOGIA.
Para que serve esse lixo?

Sexualidade reprimida.
Sexo exagerado.
Drogas como alívio.
ALIENAÇÃO.
Você acha mesmo que está livre disso?

Câncer de próstata.
HIV e ezquizofrenia.
DOR E HUMILHAÇÃO.
Para você tudo é fácil, não é?

Múltiplas personalidades.
E falta de personalidade.
A cópia sendo valorizada.
DIGNIDADE.
Você realmente tem isso?

sábado, 3 de abril de 2010

Será que há razão alguma em sofrer?


Não consigo viver neste mundo.
Não me sinto satisfeita alimentando um prazer.
Porque nós sofremos calados,
sentimos dor e a achamos indiferente.
Nós aprendemos a rir,
para esquecer o que sentimos.
E nós mentimos para evitar a dor.
Somos egoístas e egocêntricos.
Sempre que choramos de verdade,
choramos escondidos.
Não queremos nos mostrar fracos.
Achamos que somos melhores que os outros
e na realidade acreditamos nisso.
Mas tudo não passa de um sonho,
que nós mesmos criamos,
pois somos inutilmente iguais.
Nossa carne pode ser diferente,
nossos pensamentos podem ser diferentes,
nossas opiniões podem ser diferentes,
mas sentimos a mesma coisa.
A tristeza existe porque é universal.
O desejo, o amor, a dor;
são iguais para todos.
Mas porque existimos?
O que eu faço aqui?
Se em um acidente posso morrer
se posso nascer sem pernas
se posso ficar cega
se podem me assaltar
se podem me estuprar
se eu vivo para sentir dor?
É nesse momento que sinto
o som da serpente
pronta para dar o bote.
E ela me dá uma chance e me alerta
para que eu viva mais o presente,
e sinta alegrias em prazeres vazios.
Mas isso é algo impossível para mim,
pois o passado me atormenta
e não me conecto com o presente.
Me sobra apenas o doce futuro,
no qual me tenta, me seduz e,
quem sabe nem exista.
E isso me causa a grande dor,
o grande sofrimento da dúvida que me corrói.
Somos seres inúteis que sofrem e desaparecem
ou ainda há um sentido nisso,
no qual nós, meros frágeis humanos,
nascidos da pútrida lama, somos capazes de entender?

sábado, 27 de março de 2010

Desequilíbrio do Ego


O barulho da serpente me desperta,
me envolve e me abraça.
A incerteza emocional me dói.
É o momento no qual percebo
que a persona apaga meu ego.
Ou será que sou minha sombra?

Sonhos escondidos,
sentimentos afastados,
apenas para que evitar o pecado?
"Faça o que tu queres!"
"Há de ser tudo da lei!"
Sejas a besta, o pior entre os homens!
Encarne o que você é
e abandone sua persona,
assim você será odiado,
mas não será um ser divido.

Dos mais gloriosos profetas
aproveite principalmente a dor de suas ideias.
Religião é dogma,
pensamento é liberdade.
Sejas você, sejas podre!
Sinta seu corpo e manifeste sua alma.

E você não é homem, e você não é mulher.
Você criou sua alma anima.
Você criou sua alma animus.
Seja humano, seja essência.
Esqueça seus príncipos, seja o que é.

sábado, 6 de março de 2010

Síndrome do Pânico


Tempo sem controle,
corroendo minha pele,
dissecando minhas entranhas,
fazem com que meus nervos
me mandem sinais de ameaça
de que posso morrer amanhã,
posso morrer do nada,
e não fiz nada,
e que serei em segundos
apenas o nada.
Nada.

Minha vida ainda passa,
em algum lugar do universo;
aqui o tempo não é variável
somente a lembrança...
O filme roda mais uma vez:
motivo de reação,
pânico manifestado,
falso ataque do coração;
lembrete da morte,
da dor e incompetência...

E um segundo passa:
um homem bate a porta.
E um minuto passa:
um homem abre a porta.
E um segundo passa:
um homem me assusta.
E um hora passa:
paralisia ilusória.
Pânico da morte.
Um homem fala
e só eu escuto.

E a cada remédio,
um segundo a menos.
E a cada choro,
um segundo a menos.
E a cada ilusão,
uma hora a menos.
E a cada pensamento,
um momento perdido.
Somente há repetição,
o ponteiro não dorme,
o tempo não morre.
Nós morremos, aos poucos,
de um desespero discreto.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Tristeza


Como posso sentir a felicidade
se ela na verdade não existe?
Ela, como a chuva,
deixa seu rastro e some...

Eu amo a tristeza,
ela está fincada na minha carne:
não é sentimento, é constante.

(Maldita falta de complementação.)

Mas a cada passo que dou,
a tristeza me move,
pois ela faz parte do meu corpo
e da minha razão, forma meu ser.

Sumir, é todo ser humano queria sumir,
ser o que não é, ser o que será,
tudo isso se resume a tristeza.
Ela nos motiva, ela nos faz mudar,
ela nos deixa mais fortes.
Quem é fraco faz dela uma maldição,
sendo que deveríamos amar ela
e agradecer sua bondade,
pois eu, humana, sou insistente,
e ela, tristeza, me apunhala
e mata o que é ilusão:
meus doces sonhos apodrecem,
o frio corta por dentro,
a inutilidade me caracteriza,
mas minha dor me faz
continuar ser o que quero ser
e o que eu não sou.

domingo, 7 de fevereiro de 2010

Observador


Fumando seu cachimbo,
o velho observa:
a juventude se foi,
os tempos mudaram,
o desfeche está por vir.
No fim da tarde,
o velho observa:
o Sol morrer no horizonte
e pensar se é a última vez que o verá.
No fim da noite,
o velho observa:
já não é mais esperto como outrora.
Seus passos são limitados.
Seu corpo dói.
Não com a mesma intensidade,
enxerga o brilho das estrelas.
Analisando uma criança,
o velho observa
e lembra dos filhos que não foram adultos,
filhos que não existiram,
que viveram adultos,
que morreram adultos,
que a guerra levou.
Ele, velho, sem filhos, só.
Tocando uma flor,
o velho relembra
das mulheres que amou,
das mulheres que odiou,
das mulheres que o fizeram sofrer
daquelas que o fizeram acreditar
que o paraíso não era mentira.
No último instante,
no seu suspiro cansado,
o velho afirma:
que o que parecia tão grande,
na verdade é pequeno...
Os dias passam num piscar de olhos:
num momento, entre os campos,
criança correndo;
noutro adulto, pecando;
há pouco tempo velho, sábio incapacitado....
Ahhh, finalmente agora,
fechando os olhos para ver a verdade.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Olhos


Quem me dera ver sua alma,
sentir que não sou completo,
ver seu eu complexo,
abraçar seus erros,
descobrir seus segredos,
cegar seus medos.
Mas quando tento, percebo,
que não queria sentir seus olhos,
não queria ver sua alma,
ela me assusta.
O brilho dos seus olhos,
que me seduz,
me contém,
também me afoga,
me mata.

Seu olhar penetrante
pode me fazer te imaginar nua.
Seu olhar melancólico
pode me fazer otimista.
Seu olhar de submissão
pode me deixar poderoso.
Seu olhar cruel
pode me dilacerar.
Seu simples olhar
me apaixona e me destrói.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Carne minha


Obsessão no momento em que o amor
se confunde com o ódio.
Amor no momento em que você
se torna minha única opção.
Ódio no momento em que você
não me acha sua opção.
Opção de poder causar dor a quem ama.
Quem ama a dor ama o amor obsessivo.
Obsessão, querer estar dentro de você.
Dor, perfurar seu coração;
meu e seu coração, não seu e meu.
Comandar, comandar sua respiração,
a cada ar que sai pelas suas narinas
eu respiro junto, seu ar é meu.
Minha, tão somente minha,
boneca de porcelana, pura, estática,
minha, seu estômago cai aos pedaços,
meu estômago dói de amor.
Olhos, penetrantes olhos, azuis;
meus, glóbulos oculares, seus:
suas funções não me importam mais.
Egoísta, eu preciso mais da sua carne,
do que você das suas funções.
Medo, sua vida é minha,
eu te possuo: você me mata a cada ato!

Mas eu não consigo sua alma!
Eu quero sua alma!
Eu quero comer sua alma!
Eu quero dilacerar sua alma!
E o que só tenho é carne, pútrida carne...
Sua alma se foi, não a tenho mais!
Olhe o que você fez comigo!
Onde quer que você esteja, olha!
Eu não tive nada em troco e te sangrei!
Eu não tive nada, não tenho nada, não sou nada!
O que sou agora?!
Somente mais um retardado amante da obsessão!
Vadia suja e pervertida que me destruiu!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Estrelas


Quando o Sol descansa
o pavor me aflinge,
olho as estrelas,
doces brilhantes estrelas,
muitas se tornaram nada
ou se tornaram destrutivas,
mas continuam sendo luzes
e brilham para mim,
somente para mim,
como nenhuma divindidade ainda brilhou.
Como nenhum olhar ainda brilhou.
Como minha alma nunca brilhou.
Grandes e poderosas estrelas,
nem mesmo elas sobrevivem!
E nós, o que somos perto delas?
Eu as amo, mas as odeio...
A lembrança que me trazem
do nada, da morte, da insignificância,
me tornam um nada.
Eu não quero morrer.
Não quero me juntar ao fogo de uma estrela,
não quero que minha alma se torne um nada:
um nada dentro do misterioso cosmos!
Não quero deixar um rastro de destruição,
as estrelas são lindas, mas dolorosas.

Apenas queria ser Deus,
mas não passo de mais uma estrela.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


Solidão.
Evitação.
Tristeza.
Não!
Fraqueza.
Não!
Insensibilidade?
Personalidade.
Problemática.
Só.
Solidão.
Merecida?
Não!
Construída?
Palavras.
Sozinhas.
Possuem.
Diversos.
Significados.
Personalidades.
Sozinhas.
Possuem.
Diversas.
Personalidades.
Que.
Sozinhas.
Possuem.
Diversos.
Desequilíbrios.
Entrelaçando.
Fatos.
Guardados.
Eu!
Escudo.
Eu!
Sozinho.
Eu!
Exausto.
Eu!
Problemático.
Também.
Eu.
Feliz.
Eu.
Sentimental.
Eu!
Conjunto.
Não!
Eu!
Só.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Um


Incrível sentimento humano
o de no meio de tantas pessoas
achar que só se completa com uma,
que só se constrói com uma,
que só se imagina com uma,
que possa ser com ela um.
E que no meio de tantas milhares,
prefere ter a opção de ter uma
do que ter o infinito,
de ter o poder de persuadir uma,
do que ter poder sobre todos,
porque quem quer este último é infeliz
no cálculo sem razão do sentimento:
onde um é pouco mas necessitamos de mais um,
mas onde um só completa a simetria.
Onde de uma forma ilógica
dois se tornam um.