sábado, 27 de março de 2010

Desequilíbrio do Ego


O barulho da serpente me desperta,
me envolve e me abraça.
A incerteza emocional me dói.
É o momento no qual percebo
que a persona apaga meu ego.
Ou será que sou minha sombra?

Sonhos escondidos,
sentimentos afastados,
apenas para que evitar o pecado?
"Faça o que tu queres!"
"Há de ser tudo da lei!"
Sejas a besta, o pior entre os homens!
Encarne o que você é
e abandone sua persona,
assim você será odiado,
mas não será um ser divido.

Dos mais gloriosos profetas
aproveite principalmente a dor de suas ideias.
Religião é dogma,
pensamento é liberdade.
Sejas você, sejas podre!
Sinta seu corpo e manifeste sua alma.

E você não é homem, e você não é mulher.
Você criou sua alma anima.
Você criou sua alma animus.
Seja humano, seja essência.
Esqueça seus príncipos, seja o que é.

sábado, 6 de março de 2010

Síndrome do Pânico


Tempo sem controle,
corroendo minha pele,
dissecando minhas entranhas,
fazem com que meus nervos
me mandem sinais de ameaça
de que posso morrer amanhã,
posso morrer do nada,
e não fiz nada,
e que serei em segundos
apenas o nada.
Nada.

Minha vida ainda passa,
em algum lugar do universo;
aqui o tempo não é variável
somente a lembrança...
O filme roda mais uma vez:
motivo de reação,
pânico manifestado,
falso ataque do coração;
lembrete da morte,
da dor e incompetência...

E um segundo passa:
um homem bate a porta.
E um minuto passa:
um homem abre a porta.
E um segundo passa:
um homem me assusta.
E um hora passa:
paralisia ilusória.
Pânico da morte.
Um homem fala
e só eu escuto.

E a cada remédio,
um segundo a menos.
E a cada choro,
um segundo a menos.
E a cada ilusão,
uma hora a menos.
E a cada pensamento,
um momento perdido.
Somente há repetição,
o ponteiro não dorme,
o tempo não morre.
Nós morremos, aos poucos,
de um desespero discreto.