sábado, 23 de janeiro de 2010

Olhos


Quem me dera ver sua alma,
sentir que não sou completo,
ver seu eu complexo,
abraçar seus erros,
descobrir seus segredos,
cegar seus medos.
Mas quando tento, percebo,
que não queria sentir seus olhos,
não queria ver sua alma,
ela me assusta.
O brilho dos seus olhos,
que me seduz,
me contém,
também me afoga,
me mata.

Seu olhar penetrante
pode me fazer te imaginar nua.
Seu olhar melancólico
pode me fazer otimista.
Seu olhar de submissão
pode me deixar poderoso.
Seu olhar cruel
pode me dilacerar.
Seu simples olhar
me apaixona e me destrói.

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

Carne minha


Obsessão no momento em que o amor
se confunde com o ódio.
Amor no momento em que você
se torna minha única opção.
Ódio no momento em que você
não me acha sua opção.
Opção de poder causar dor a quem ama.
Quem ama a dor ama o amor obsessivo.
Obsessão, querer estar dentro de você.
Dor, perfurar seu coração;
meu e seu coração, não seu e meu.
Comandar, comandar sua respiração,
a cada ar que sai pelas suas narinas
eu respiro junto, seu ar é meu.
Minha, tão somente minha,
boneca de porcelana, pura, estática,
minha, seu estômago cai aos pedaços,
meu estômago dói de amor.
Olhos, penetrantes olhos, azuis;
meus, glóbulos oculares, seus:
suas funções não me importam mais.
Egoísta, eu preciso mais da sua carne,
do que você das suas funções.
Medo, sua vida é minha,
eu te possuo: você me mata a cada ato!

Mas eu não consigo sua alma!
Eu quero sua alma!
Eu quero comer sua alma!
Eu quero dilacerar sua alma!
E o que só tenho é carne, pútrida carne...
Sua alma se foi, não a tenho mais!
Olhe o que você fez comigo!
Onde quer que você esteja, olha!
Eu não tive nada em troco e te sangrei!
Eu não tive nada, não tenho nada, não sou nada!
O que sou agora?!
Somente mais um retardado amante da obsessão!
Vadia suja e pervertida que me destruiu!

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Estrelas


Quando o Sol descansa
o pavor me aflinge,
olho as estrelas,
doces brilhantes estrelas,
muitas se tornaram nada
ou se tornaram destrutivas,
mas continuam sendo luzes
e brilham para mim,
somente para mim,
como nenhuma divindidade ainda brilhou.
Como nenhum olhar ainda brilhou.
Como minha alma nunca brilhou.
Grandes e poderosas estrelas,
nem mesmo elas sobrevivem!
E nós, o que somos perto delas?
Eu as amo, mas as odeio...
A lembrança que me trazem
do nada, da morte, da insignificância,
me tornam um nada.
Eu não quero morrer.
Não quero me juntar ao fogo de uma estrela,
não quero que minha alma se torne um nada:
um nada dentro do misterioso cosmos!
Não quero deixar um rastro de destruição,
as estrelas são lindas, mas dolorosas.

Apenas queria ser Deus,
mas não passo de mais uma estrela.

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010


Solidão.
Evitação.
Tristeza.
Não!
Fraqueza.
Não!
Insensibilidade?
Personalidade.
Problemática.
Só.
Solidão.
Merecida?
Não!
Construída?
Palavras.
Sozinhas.
Possuem.
Diversos.
Significados.
Personalidades.
Sozinhas.
Possuem.
Diversas.
Personalidades.
Que.
Sozinhas.
Possuem.
Diversos.
Desequilíbrios.
Entrelaçando.
Fatos.
Guardados.
Eu!
Escudo.
Eu!
Sozinho.
Eu!
Exausto.
Eu!
Problemático.
Também.
Eu.
Feliz.
Eu.
Sentimental.
Eu!
Conjunto.
Não!
Eu!
Só.

quarta-feira, 6 de janeiro de 2010

Um


Incrível sentimento humano
o de no meio de tantas pessoas
achar que só se completa com uma,
que só se constrói com uma,
que só se imagina com uma,
que possa ser com ela um.
E que no meio de tantas milhares,
prefere ter a opção de ter uma
do que ter o infinito,
de ter o poder de persuadir uma,
do que ter poder sobre todos,
porque quem quer este último é infeliz
no cálculo sem razão do sentimento:
onde um é pouco mas necessitamos de mais um,
mas onde um só completa a simetria.
Onde de uma forma ilógica
dois se tornam um.