O que os olhos observam
é o que o coração sente.
Ela andava por São Paulo.
Nos tropeços mais apressados,
em ritmos descompassados...
Suas lágrimas escorriam,
seu medo a engasgava,
gritos mudos ecoavam
de sua fina e seca boca...
Ela caia em São Paulo.
Com as pálpebras fechadas,
com a pele ensanguentada.
Como uma bailarina cai no palco
delicadamente envergonhada.
Com a carne se quebrando
e sua honra estilhaçada.
Pois perante ao olfato dos lobos
a vida não é nada, nada, nada,...
Ela morria em São Paulo!
Junto com sonhos desperdiçados
e memórias tristemente escassas.
Agonizava como uma barata,
como caça a ser devorada,
sendo constantemente observada,
pela alcateia urbanizada...
Após os uivos silenciarem
foi olhando para seu rosto
que olhei por seus olhos
e não os compreendi.
Apenas neles me perdi,
enquanto tocavam minha alma,
cujo maior amor se limitara
a um copo qualquer de whisky.
De lobo passei a homem
e percebi claramente
que os olhos não explicam
o que o coração entende.
Ela me mudou em São Paulo.