sábado, 8 de maio de 2010

A roda da vida


O som doce das harpas
indica o nascimento,
que vem com o canto das lágrimas
e a primeira visão do mundo.
Ninguém se lembra mais de tal melodia,
e... como queria ouvir ela outra vez.

Quando a inocência se vai, aos poucos,
as cordas divinas transformam-se:
a forma, a cor e o pecado aparecem,
enquanto o violão toca arpejos insinuosos,
junto com movimentos curvilíneos e dançantes,
agressivos e ao mesmo tempo frágeis.
É a dança da vida, no qual dor e amor
se misturam formando um único ritmo.

E no final, no cansaço da noite,
os violinos obscuros sopram
nos meus fracos ouvidos dizendo
que a dança acabou
e não há mais o que fazer,
nem onde correr, ou ir atrás
do que não se fez.
Resta apenas apreciar a música,
a melancólica música do esquecimento,
no qual a cada nota desafinada
uma lágrima cai, não mais aquela
da vida, mas sim, fora de compasso,
a da morte.

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