sábado, 6 de março de 2010

Síndrome do Pânico


Tempo sem controle,
corroendo minha pele,
dissecando minhas entranhas,
fazem com que meus nervos
me mandem sinais de ameaça
de que posso morrer amanhã,
posso morrer do nada,
e não fiz nada,
e que serei em segundos
apenas o nada.
Nada.

Minha vida ainda passa,
em algum lugar do universo;
aqui o tempo não é variável
somente a lembrança...
O filme roda mais uma vez:
motivo de reação,
pânico manifestado,
falso ataque do coração;
lembrete da morte,
da dor e incompetência...

E um segundo passa:
um homem bate a porta.
E um minuto passa:
um homem abre a porta.
E um segundo passa:
um homem me assusta.
E um hora passa:
paralisia ilusória.
Pânico da morte.
Um homem fala
e só eu escuto.

E a cada remédio,
um segundo a menos.
E a cada choro,
um segundo a menos.
E a cada ilusão,
uma hora a menos.
E a cada pensamento,
um momento perdido.
Somente há repetição,
o ponteiro não dorme,
o tempo não morre.
Nós morremos, aos poucos,
de um desespero discreto.

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